Como você ama?

Este é um daqueles momentos em que você se toca de que quanto mais o tempo passa, mais você se parece com seus pais. Todo mundo já teve alguma crise com o pai ou a mãe, seja na infância, na adolescência ou na fase adulta. Você – e quando eu digo “você”, quero dizer “eu” – já disse em algum momento “eu vou ser diferente, vou fazer diferente”, e quando você menos espera, está seguindo os passos e usando até a mesma entonação que seus pais usam.

Enquanto criança e adolescente eu fui uma criaturinha muito afetiva. Gostava de abraços e beijinhos. Claro que fui muito amada e sempre tive minha família ao meu lado, mas minha mãe não é, não foi e nunca será uma pessoa melosa. E isso me deixava incomodada, pois queria tocar, abraçar, pular em cima dela, e ela não se sentia confortável com esse excesso.

O tempo passou e, junto com o vento, manias antigas foram embora e novos ares se estabeleceram no cenário. Noto que não sou a mesma Amanda de antigamente e que reservo meus abraços para o momento certo. Uma vez me disseram “sinto que preciso mais de você, do que você de mim”, e nesse momento caiu a ficha de que não sou apenas filha, mas a cópia de minha mãe. E do mesmo jeito que minha mãe respondia para mim, eu respondi para essa pessoa “não preciso estar grudada em você para provar que te amo; minha preocupação por você e minha presença falam por si só”. 

No final das contas não fiz diferente; fiz exatamente igual. Hoje entendo mamãe, e espero que as pessoas ao meu redor também consigam entender. Aprendi que amar é mais do que apenas abraços, beijos e palavras. Amar é estar presente, é querer o bem e fazer o bem. É pensar em algo ruim e bater três vezes na madeira seguido de um “Deus me livre”. Queira alguém que te ame no toque e na fala, mas, principalmente, que te ame no pensamento.